domingo, 12 de dezembro de 2010

Behaviorismo versus Construtivismo


 A Justiça como prova do "construtivismo humano/sociológico"
A maior prova da redundância, ambiguidade e fracasso da teoria comportamentalista é o sucesso da civilização humana.

Segundo Watson, a psicologia devia incidir no estudo do comportamento objectivamente observável, isto é, no estudo das respostas observáveis a determinados estímulos. O ser humano seria produto das suas interacções com o meio, sendo as suas ideias ou princípios oriundas da experiência. Ora, analisar a evolução sociológica da espécie humana às luzes do condutismo pode tornar-se numa viagem assombrosa a um lugar distante onde o Homem surge de um modo completamente distinto daquele que conhecemos. Por exemplo, teríamos de explicar o comportamento humano na base da necessidade (estímulo) e satisfação (obtida através da resposta). Assim, quando desejássemos algo faríamos tudo o que estivesse ao nosso alcance para o obter. O Homem seria injusto, profundamente amoral e egocêntrico.

O aparecimento da justiça, não só é uma invenção do Homem, como uma prova viva da sua inteligência.

Quando no meio animal dois leões se debatem por uma presa, não travam diálogos ou tentativas de estabelecimento de acordos que satisfaçam minimamente ambas as partes. Atacam-se violentamente, saindo da labuta um vencedor (expoente máximo da felicidade e satisfação) e um vencido. Isto é uma reacção de estímulo - resposta. O meio impôs uma condição, ofereceu um estímulo e ouve uma resposta.

Imaginem agora um mundo sem inclinação sensível para a justiça e uma sociedade que não possui normas nem quem as coordene. Facilmente constatarão que vivendo numa sociedade destas, o mais favorável seria ser-se injusto. Poderíamos fazer tudo o que desejássemos, quando e onde nos aprouvesse. Tal como o leão vencedor, arrecadaríamos com tudo o que desejássemos, enquanto o injustiçado viveria na amargura de uma derrota de carácter pouco laudatório. Tal não é o que acontece na sociedade humana. Isso só pode dever-se à inteligência. O ser humano possui capacidades cognitivas soberbas. No decorrer da evolução filogenética adquiriu estruturas fisiológicas estupendas e desenvolveu a capacidade de pensar e reflectir abstractamente.
Construtivistas, como Piaget, estudaram o desenvolvimento cognitivo, atribuindo ao sujeito um papel activo na construção do conhecimento. À luz do construtivismo, o desenvolvimento cognitivo resulta da interacção entre estruturas inatas do sujeito e o meio. O ser humano é autodidacta e age sobre o mundo construindo conhecimento, tal como um recém-nascido que ainda com os sentidos pouco apurados inicia a exploração do meio envolvente e o desenvolvimento de estruturas mentais.

A justiça só pôde ser alvo do construtivismo humano e da inteligência; sendo ainda o resultado de um processo cognitivo, uma vez que o meio não impinge, isto é, condiciona, um princípio de vivência social tão complexo como este... É um acto inteligente o da escolha da via justa. Afinal, no reino da amoralidade, tanto se é injusto hoje como injustiçado amanhã. O surgimento da justiça e do altruísmo humano são uma prova viva da inteligência da espécie.
Mário

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