quarta-feira, 8 de junho de 2011

Por que esquecemos?

“Se nos lembrássemos de tudo, estaríamos… tão doentes como se não recordássemos nada”, escreveu William James, filósofo do século XIX. Na verdade, se a mente não pudesse esquecer em breve estaria atravancada com trivialidades, tornando a tomada de decisões extremamente difícil.
A chave para uma boa memória é a capacidade de reter pormenores importantes, pondo de lado os eu não têm interesse. No entanto é fácil esquecer aquilo que se quer desesperadamente lembrar, como pode atestar qualquer pessoa que tenha estudado para um exame ou tentado memorizar um longo discurso.             A memória é frequentemente desgastada e reduzida pelo tempo, importante factor de esquecimento. Isto foi conclusivamente demonstrado no primeiro estudo deste assunto, feito pelo psicólogo alemão Hermann Ebbinghaus. Ebbinghaus desenvolveu uma técnica simples para estabelecer como funciona o esquecimento que, depois, experimentou em si mesmo. Para limitar a experiência à absorção de novos conhecimentos, e para minimizar a influência da informação já existente sobre os resultados imaginou um sistema de matérias a aprender completamente original – uma série de sílabas constituídas por uma vogal entre duas consoantes, tais como NER ou ZAT.


Ebbinghaus fez uma lista de 13 sílabas sem sentido. Depois leu e releu a lista até as recitar perfeitamente de cor duas vezes de uma assentada. Depois, a intervalos de tempo fixos, durante as semanas seguintes, fez novamente a experiência para ver quantas sílabas recordava. A partir desta experiência, que repetiu muitas vezes com diferentes grupos de palavras sem sentido, Ebbinghaus determinou a quantidade de informação esquecida com o tempo e a velocidade a que ela desaparece. Descobriu que a maior parte dos conhecimentos se perde rapidamente, nos primeiros dias a seguir à aprendizagem.
No entanto, a recordação dos conhecimentos remanescentes diminui muito gradualmente. As sílabas sem sentido de que ele ainda se lembrava um mês depois de as ter aprendido, por exemplo, mantinham-se na memória vários meses mais tarde. Os resultados das suas experiências foram tomados por outros investigadores e transpostos para um gráfico, a curva de esquecimento de Ebbinghaus.

Nunca ninguém conseguirá ultrapassar totalmente o efeito de Ebbinghaus e reter tudo o que aprende. Todavia, parece possível imprimir permanentemente na memória pelo menos alguns aspectos de qualquer assunto. O grau de aprendizagem e esquecimento varia de pessoa para pessoa: uns aprendem muito depressa e esquecem rapidamente, outros aprendem rapidamente e esquecem lentamente.

Helena Sousa

Neuróbica

  • CÉREBRO ÁGIL
  • MENTE SAUDÁVEL
  • INTELIGÊNCIA
  • MELHOR PERCEPÇÃO
  • RESPOSTAS RÁPIDAS 
Neuróbica ou ginástica cerebral significa exercícios para o cérebro ajuda, fortalecer a concentração, o raciocínio, a memória e liberar a criatividade.
Ao experimentarmos novos estímulos, o cérebro é activado e protege-nos contra o envelhecimento precoce, o esquecimento e a dificuldade para aprender. Ter um cérebro ágil e saudável é fundamental para enfrentar os desafios que a vida proporciona. Estimular os sentidos: visão, olfacto, tacto, paladar e audição, possibilitando a ampliação do potencial do cérebro.
Exercitar os dois hemisférios cerebrais: direito e esquerdo.
Estimular a mente e faze-la trabalhar ao seu favor.
A maior parte do dia ocupamos o cérebro com rotinas que limitam o seu potencial.

DICAS DE NEURÓBICA:
Quebrar a rotina. Sair do piloto automático, pois ele enfraquece o cérebro e a mente.
Dezenas de exercícios podem ser praticados. Veja alguns deles:
Fechar os olhos para escutar os pássaros.
Mudar o trajecto de casa para o trabalho e vice-versa.
Criar desafios para o cérebro, ex: fazer palavras - cruzadas.
Mudar o que come no café da manhã.
Mudar de lugar na sala de aula.
Experimentar algo inesperado toda a semana. 

Nuno Costa

António Damásio – as emoções em português

Médico neurologista e investigador português, nascido em 1944 e radicado nos EUA desde 1975, é director do Departamento de Neurologia da Universidade de Iowa, e também lecciona como Adjunct Professor no Salk Institut, em La Jolla, na Califórnia.
No Iowa, com sua mulher, Hanna, promoveu a criação de uma importante unidade de investigação para o conhecimento da actividade cerebral e suas relações com a memória, linguagem, emoções e os mecanismos de decisão. Trata-se de um dos principais laboratórios de neurociências cognitivas - relação cérebro-mente - do mundo científico.
Considerado um dos pais da teoria do “cérebro emocional”, António Damásio é um cientista de renome internacional. Especialista nos mecanismos de funcionamento do cérebro e pioneiro na investigação sobre a inteligência emocional. É também um conhecido conferencista da especialidade, tendo apresentado comunicações de grande qualidade em reputadas instituições científicas, seminários e congressos nos EUA.
Segundo António Damásio, a emoção desencadeada por determinado estímulo dá origem a "um programa de acções", diferentes conforme o tipo de emoção, que provocam alterações no rosto, no corpo ou no sistema endócrino (estratégias activas). O corar de um rosto, a tensão muscular, o aumento do ritmo cardíaco, ou o aumento da secreção de determinada hormona são exemplos dessas alterações fisiológicas.
Contudo, para ele, falar da emoção apenas como um programa de acções é restrito demais, sustentando que existem também as estratégias cognitivas, "certos estados mentais que fazem parte do programa completo de acções". Como exemplo,"a tristeza obriga a certa estratégia cognitiva": num estado de tristeza, uma pessoa não pensa num jantar agradável e divertido, mas é capaz de pensar na morte.
 Mas a questão da emoção é ainda mais complexa, porque as emoções (esses programas de acções) são desencadeadas por determinados estímulos que não têm obrigatoriamente o mesmo efeito em pessoas diferentes.
Os estímulos podem ser objectos ou situações, actuais ou existentes na mente. "Situações que causem medo ou compaixão são muito antigas e são colocadas em nós pela evolução, estão nos genomas.
A propósito, o cientista defende três tipos de emoções: as de fundo, que são mais vagas, como o entusiasmo ou o desencorajamento, as primárias, que são mais pontuais, como a tristeza, o medo, a raiva ou a alegria, e as sociais, que são um resultado sócio-cultural, como a compaixão, a vergonha ou o orgulho.
Celso Sousa
Processo cognitivo



Processo cognitivo é a realização das funções estruturais da representação (idéia ou imagem que concebemos do mundo ou de alguma coisa) ligadas a um saber referente a um dado objecto. Constitui na execução em conjunto das unidades do saber da consciência, que foram baseados nos reflexos sensoriais, representações, pensamentos e lembranças, com o processo mental que consiste em escolher ou isolar um determinado aspecto de um estado de coisas relativamente complexas, a fim de simplificar a sua avaliação, classificação ou para permitir a comunicação do mesmo através da abstração.

Processos Cognitivos: Aprendizagem:

Aprendizagem

Aquisição ou mudança relativamente estável e duradoira do comportamento e/ou do conhecimento, devido à experiência, ao treino ou ao estudo e com uma função adaptativa relativamente ao meio e às suas mudanças

Processos de Aprendizagem

Aprendizagem por habituação

- Consiste na diminuição da tendência para responder a estímulos que se tornam familiares, devido à exposição sucessiva aos mesmos;
- Aprendemos a ignorar estímulos conhecidos, não portadores de informação nova, o que aumenta a nossa capacidade de adaptação a outras aprendizagens que possam surgir.

Aprendizagem associativa

Condicionamento Clássico ou Respondente

- Defendido por Ivan Palov, que afirmava que a aprendizagem resulta de associações entre estímulos e respostas;

Estimulo:

- Qualquer elemento do meio que produz efeito sobre o organismo; Provoca uma reacção, uma alteração no comportamento.
. Resposta: Qualquer actividade do organismo que se segue ao estimulo; Pode ser um movimento, uma secreção glandular, um pensamento, uma emoção.
- Conceitos desenvolvidos por Palov

Estimulo Neutro: Estimulo que, antes do condicionamento, não produz a resposta desejada. Ex. o som da campainha

Estimulo não condicionado ou Incondicionado: Estimulo que desencadeia uma resposta não aprendida. Ex. a carne
. Resposta Incondicionada: Resposta inata, não aprendida. Ex. salivar com o cheiro da carne

Estimulo Condicionado: Estimulo neutro que, associado ao estímulo incondicionado, passa a provocar uma resposta semelhante à desencadeada pelo estímulo incondicionado. Ex. o som, depois de associado à carne, passa por si só a provocar a salivação.
Resposta Condicionada: Resposta que, depois do condicionamento, se segue ao estimulo que antes era neutro. Ex. salivar quando ouve o som da campainha.


Daniela Vaz

Processos Conativos

Conação é um termo usado para referir a capacidade de aplicação de energia intelectual a uma tarefa, da forma necessária e ao longo do tempo, para que uma solução seja alcançada, para que a tarefa seja completada. É um conjunto de processos que se ligam À execução de uma acção ou comportamento, que movem o ser humano num dado sentido.

No fundo, conação é a motivação, o empenho, a vontade e o desejo que move os indivíduos em direcção a um fim ou objectivo que, ao dar sentido à sua acção, faz com que esta tenha significado para ele.

Caracterizar os processos conativos: tendência e intencionalidade.

A intencionalidade de um pensamento, emoção, percepção, etc. existe quando esse mesmo pensamento, emoção ou percepção é acerca de algo. Isto é, dizer que um estado mental tem intencionalidade significa que ele é acerca de alguma coisa. Por exemplo, quando pensamos, pensamos acerca de alguma coisa, logo o pensamento é intencional; quando sentimos, sentimos em relação a alguma coisa, logo o sentimento é intencional.

A tendência é o impulso espontâneo que orienta a conduta do indivíduo, vai do sujeito para o objecto, responde a uma necessidade interna e leva-nos a concretizar os nossos próprios objectivos. É omnipresente, persistente e inacabada. Face a uma necessidade, um desequilíbrio, há um impulso ou tendência que nos leva a querer satisfazê-la rápida e eficazmente. Depois da resposta dada, encontramo-nos saciados e, por isso, reequilibrados.

tendências são a força e a energia motivacional e podem ser primárias ou secundárias: as primárias acontecem desde sempre e são independentes da aprendizagem (ter fome, sede, frio), enquanto as secundárias são aprendidas nos processos de socialização e correspondem a necessidades sociais (tendência para as línguas ou para o desporto, ou para as ciências). Quanto ao objecto, as tendências podem ser individuais quando se relacionam com os interesses pessoais do indivíduo, sociais quando estão na base de interacções sociais e têm a ver com as relações com os outros e ideais se se relacionarem com a promoção de valores intelectuais, estéticos ou éticos.


Esclarecer o conceito de esforço de realização.

O conceito de esforço de realização relaciona-se com o empenho para concretizarmos os nossos desejos e objectivos. Está intimamente ligado aos processos conativos, ao modo como os nossos desejos e propósitos se transformam em acções. Primeiro, satisfazemos as necessidades básicas fisiológicas e de segurança, depois as psicossociais de afiliação e estima e só por fim as de auto-realização pessoal.

Ricardo Pereira

Inconformismo

As sociedades em geral, e os grupos sociais que constituem as mesmas, procuram manter a sua coesão através do respeito pelas normas e pelas regras vigentes. As normas são, portanto, o instrumento de controlo social e, por isso, podemos dizer que conformismo é inerente à manutenção dos grupos sociais. O desvio à norma, a desobediência às regras, é objecto da censura social, que se manifesta através de críticas e sanções.
Contudo, a história da Humanidade testemunha que a mudança a todos os níveis foi provocada por concepções, atitudes e comportamentos que desobedecem ao que socialmente estava designado como sendo correcto e desejável. Podemos pensar nas grandes revoluções científicas levadas a cabo por Copérnico, Darwin e Freud para comprovarmos que foi o incorformismo deles que remodelou o modo como os seres humanos se concebem.
Podemos, então, definir incorformismo como sendo a adopção de concepções, atitudes e comportamentos que não respondem às expectativas do grupo. Sendo assim, as pessoas em que a pertença ao grupo constitui uma parte relevante do seu autoconceito apresentam mais probabilidades de se conformarem devido à influência normativa; caso a pertença ao grupo não tiver essa relevância, é menos provável renderem-se às normas do grupo.
As pessoas que adoptam atitudes inconformistas são, frequentemente, objecto de crítica social, que pode ir desde o menosprezo à sanção e, até mesmo, à marginalização. O desvio, a discordância, são encarados como desagregadores da ordem social e são tão mais criticados e reprimidos quanto mais importante for, para o grupo social, a norma quebrada.
Assumidos por minorias, os comportamentos inconformistas, geradores de inovação, acabam muitas vezes por serem integrados pelo sistema social. A mudança social encontra neste processo a sua origem. Por isso, para que a minoria influencie a maioria, as suas posições têm de ser claras, consistentes e firmes para resistirem às pressões para o conformismo.

Ângelo Ferreira
Processos emocionais

Emoções:

• Experiencias especificas ,não habituais e que não exprimem um ciclo.
• Apresentam a bipolaridade, prazer/desprazer.
• Advém de interpretação de factos como a relação entre pessoas, objectos ou ideias.
• Está associada à questão (Como ?).
• Variam de intensidade, tem uma duração breve e são voltados para o exterior.
• Retratam e movem todas as nossas crenças e movimentos.
• Levam a alterações fisiológicas.

Tipos de emoções:

• Primárias- Universais – Ex.: Alegria, tristeza e medo.
• Secundárias- Sociais – Ex.: Vergonha, ciúme, culpa e orgulho.
• Fundo- Ex.: Bem estar, mal estar, calma e tensão.


Sentimentos:

• Tomar consciência das emoções corporais.
• As emoções são transferidas para zonas do cérebro onde são tratadas e armazenadas e assim temos consciência delas.
• Prolongam-se no tempo (duração longa).
• Dirigem-se para o nosso interior (são privadas, só por nos acessíveis).
• Tem menor intensidade do que as emoções.
• Exemplos: ansiedade, preocupações.


Componentes das emoções:

• Componente cognitiva → Ocorre quando tomamos conhecimento do facto: se não houver conhecimento deste, não se experimenta qualquer emoção;

• Componente avaliativa → Fazemos uma avaliação, agradável ou desagradável, da situação;

• Componente fisiológica → Manifestações orgânicas, corporais face à emoção;

• Componente expressiva → Expressões corporais que permitem mostrar ao outro as nossas emoções;

• Componente comportamental → Comportamento que o sujeito poderá ter face ao outro, é o estado emocional que desencadeia determinado conjunto de comportamentos;

• Componente subjectiva → Relaciona-se com o que o indivíduo sente a nível emocional e interior a que só ele tem acesso, ou seja, é o estado afectivo associado à emoção.

Perspectivas/teorias das emoções:

Perspectiva Evolutiva:

Segundo Charles Darwin:

Darwin procurou traços comuns na expressão de emoções em vários povos, e identificou seis emoções primárias ou universais: a alegria, a tristeza, a surpresa, a cólera, o desgosto e o medo;

Considerou que as emoções têm um papel adaptativo fundamental na história da espécie humana, sendo determinante para a sua capacidade de sobrevivência.

Segundo Ekman:

Defendia que povos diferentes teriam emoções diferentes;

Confirmou a tese de Darwin: há emoções que são universais, independentes do processo de aprendizagem e da cultura em que se manifesta;

Não nega a influência da cultura nas emoções, na medida em que há regras que controlam a sua expressão. Porem, existe um património comum ao nível das emoções e da sua expressão.

Perspectiva Fisiológica:

Defendida por Willians James, que considerava que as emoções resultariam da consciência das mudanças orgânicas provocadas por determinados estímulos;

As emoções resultam das percepções do estado do corpo, das mudanças orgânicas provocadas por estímulos.

O estado de consciência de emoções como a cólera, a alegria, a raiva, resume-se à consciência de manifestações fisiológicas.

Perspectiva Cognitivista:

Afirmam que os processos cognitivos, como as percepções, recordações e aprendizagens, são fundamentais para se perceberem as emoções;

A forma como representamos uma dada situação, como a avaliamos é que desencadeia ou não determinada emoção;

Perspectiva Culturalista:

As emoções são processos aprendidos no processo de socialização;

Consideram que as emoções são uma construção social, que tem que ser aprendidas;

As diferentes sociedades e culturas definem o tipo de emoções que se podem manifestar e como as manifestar;

A sua forma de expressão varia de cultura para cultura, dependendo assim do espaço e do tempo;

Nega a existência de emoções universais: à diversidade cultural corresponde uma diversidade de emoções e das respectivas expressões.

Relação entre razão e emoção, segundo António Damásio:

As emoções e os sentimentos não são um obstáculo ao funcionamento da razão; estão envolvidos nos processos de decisão, segundo a perspectiva de António Damásio;

Se fosse apenas a razão a participar nos processos de decisão, seria muito complicado tomar uma decisão;

Segundo o próprio autor, “a emoção bem dirigida parece ser o sistema de apoio sem o qual o edifício da razão não pode funcionar eficazmente”;

A tomada de decisão é suportada por duas vias complementares:

  • Representação das consequências de uma opção disponibilizada pelo raciocínio: avaliação da situação, levantamento das opções possíveis, comparações lógicas, etc.;

  • A percepção da situação provoca a activação de experiências emocionais experimentadas anteriormente em situações semelhantes

Damásio remete para o conceito de Marcador somático:

- Mecanismo automático que suporta as nossas decisões;
- Permite-nos decidir eficientemente num curto intervalo de tempo;
- Os marcadores somáticos aumentam provavelmente a precisão e a eficiência do processo de decisão.


João Cardoso

Psicologia Aplicada

A Psicologia Aplicada é um ramo da Psicologia com objectivos específicos que faz uso de todas as descobertas e princípios científicos conseguidos pela Psicologia.
Para além do desenvolvimento teórico e científico da Psicologia, proporcionado pelas mais diversas áreas científicas, era fundamental um outro processo – a sua aplicação. Assim, nasceu a Psicologia Aplicada, com a necessidade de passar da parte teórica para a parte prática.
Por exemplo, o caso em que a Psicologia Aplicada investiga as diferenças de inteligência em crianças e elabora, com resultados obtidos, os melhores métodos de diagnóstico da inteligência. Posteriormente, o psicólogo clínico e/ou psicólogo escolar podem administrar a melhor terapia ou orientação escolar a adoptar.
Os fundamentos teóricos da Psicologia estão na base da Psicologia Aplicada que serve de apoio para o trabalho do Psicólogo, apesar de este também poder desenvolver o seu próprio sistema de investigação e, em geral, de funcionamento. Por sua vez, o enriquecimento e o aumento de todo o conhecimento teórico das duas ciências mencionadas, deve-se a todas as descobertas e aprendizagens efectuadas no campo prático. Ou seja, pode-se dizer que a Psicologia Aplicada e a Geral complementam-se.
Na fase inicial, ficou a dever o seu desenvolvimento à Psicometria. Esta ciência especializada nos testes e, em geral, nas medições mentais, teve origem quando o psicólogo Alemão William Stern (1871-1938) descobriu que a inteligência podia ser medida (conceito métrico de inteligência, 1912).
A Psicometria, então, tornou-se no ramo mais abrangente da Psicologia Aplicada porque é utilizada em todos os ramos da Psicologia.
O campo da intervenção da Psicologia Aplicada é imenso, desde a área da saúde à educação, passando pela informática e pelo desporto. Pode-se dizer que todos os ramos que derivam da Psicologia têm por detrás uma “mãozinha” da Psicologia Aplicada. Temos o exemplo da Psicologia Judiciária ou Forense que consiste na aplicação dos conhecimentos psicológicos aos propósitos do direito; ou da psicologia do trabalho que tem como finalidade a adaptação da pessoa à sua profissão e a adequação das profissões á pessoa; ou ainda, a psicologia aplicada à publicidade que faz uso dos seus conhecimentos para, por exemplo, obter estímulos publicitários adequados a despertar comportamentos aquisitivos.

Carla Ribeiro

Porque sentimo-nos atraidos?

A atracção interpessoal é a preferência por determinado tipo de pessoas, fortemente ligado a diversos factores entre as cognições e os afectos.


Factores como a proximidade geográfica, as similaridades interpessoais, a complementaridade das personalidades, a reciprocidade, e também o respeito, a estima, a admiração explicam o que nos leva a preferir certas pessoas e outras não.

Um desses factores é a beleza. A beleza exterior desempenha um papel muito importante no comportamento a ter com o outro, mesmo que tal, teoricamente, não aconteça. Afinal de contas, o que interessa é o interior. Claro que isto está errado.
Um dos motivos mais evidentes para isto é o facto de a beleza causar uma melhor impressão inicial e consequentemente um aumento da auto-estima, pois a companhia de uma pessoa fisicamente atraente favorece a posição social do indivíduo.

É óbvio que formamos relações mais pessoais com colegas de turma com os quais já andamos à 12 anos do que com as pessoas que vemos nos cafés aos fim-de-semana, pois estamos mais familiarizados com essas pessoas. Sendo assim, vemos que a familiaridade é outro factor que afecta a atracção.

As pessoas gostam de sentir as suas ideias e escolhas valorizadas e validadas. Assim, é comum a preferência por pessoas com as quais partilhamos as nossas ideias (semelhanças interpessoais) e também gostamos de nos sentir apreciados (reciprocidade).

No entanto, não são apenas as diferenças que nos atraem. Numa primeira fase, talvez, mas à medida que conhecemos as pessoas, temos uma tendência para gostar mais das pessoas que nos complementam, isto é, que têm características que não possuímos, a complementaridade.

É na junção de todos estes factores que o nosso comportamento para com os outros se regula e as preferências se formam.

José Pedro Nunes

Simdrome de Down e os processos de aprendizagem

O preconceito em relação à Síndrome de Down( trissomia 21) fez com que as crianças, portadoras desta anomalia genética, não tivessem nenhuma hipótese de se desenvolverem cognitivamente, muito por culpa dos pais e professores que não acreditavam na possibilidade desta crianças realizarem o processo de aprendizagem, eram rotuladas como pessoas doentes e, portanto, excluídas do convívio sócia, e por consequente dos processos de socialização e aprendizagem. Até um certo ponto, estes pais e professores tinham alguma razão pois crianças Síndrome de Down apresentam dificuldades em decompor tarefas, juntar habilidades e ideias, reter e transferir o que sabem, capacidade de adaptação a situações novas. Tais factos são grandes impedimentos ao processo de aprendizagem, mas não é por eles que vamos excluir estas pessoas, todos os factores da aprendizagem devem ser modificados e aplicados a estas pessoas de forma os processos cognitivos se desenvolvam e, portanto todo aprendizado deve sempre ser estimulado a partir do concreto necessitando de instruções visuais para consolidar o conhecimento. Para incentivar a aprendizagem deve-se se usar brinquedos e jogos educativos, tornando a aprendizagem actividade prazerosa e interessante. No processo de aprendizagem a criança com Síndrome de Down deve ser reconhecida como ela é, e não como gostaríamos que fosse. As diferenças devem ser vistas como ponto de partida para desenvolver estratégias e processos cognitivos adequados.


Sara  Mendes

segunda-feira, 6 de junho de 2011

A Experiência da Vela e o Papel das Motivações



Há um desencontro brutal entre aquilo que a ciência sabe e aquilo que é aplicado nas situações problemáticas de cariz mais complexo do dia-a-dia. Afinal, qual o papel das motivações no ser humano?
Em 1945, Karl Dunker, psicólogo, idealizou uma experiência bastante simples: era cedida uma vela, alguns pregos, uma caixa e fósforos a alguns indivíduos a quem era pedido que pregassem a vela na parede de modo a que a cera não caísse na mesa. 



Alguns indivíduos procuraram pregar directamente a vela na parede, outros optaram por tentar derreter uma extremidade da vela de modo a fazê-la aderir à parede (ambas as alternativas infrutíferas), sendo que só ao fim de algum tempo conseguiram efectivamente solucionar o problema, pregando a caixa dos pregos à parede e colocando a vela no seu interior.


O derradeiro desafio da experiência consiste em ultrapassar a chamada funcionalidade fixa, que neste caso consiste no facto da população em análise ver a caixa de pregos somente com a funcionalidade de armazenamento (de pregos), descurando eventuais possíveis funções do objecto.
Posteriormente, um proeminente cientista denominado Sam Glucksberg operou algumas alterações no protocolo experimental de Dunker para avaliar o papel das motivações na execução de tarefas. Glucksberg informou a população em estudo (dividida em 2 grupos) que iria cronometrar o tempo dispendido para solucionar o problema, advertindo um grupo que a cronometragem serviria exclusivamente para averiguar médias (de tempo), enquanto outro grupo foi informado que a regulação do tempo serviria para atribuir recompensas aos indivíduos que mais rapidamente encontrassem uma solução.
A experiência de Glucksberg demonstrou que os grupos motivados por recompensas demoravam em média mais 3,5 minutos que os demais.
Numa segunda variante do seu problema, Glucksberg apresentou a situação de um modo distinto: colocou os pregos fora da caixa. Desta monta feita, foi o grupo incentivado que obteve as melhores médias de tempo. Resta saber porquê. Em todo o caso a resposta é simples: os pregos estão fora da caixa!



Depreende-se então facilmente pela experiência de Glucksberg que as recompensas estreitam a nossa capacidade para resolver situações novas e imprevistas, em que existe uma apelo à imaginação e criatividade. Por outro lado, em tarefas centradas em objectivos simples, claramente definidos e onde há um conjunto de regras definidas para obter o desejado fim, as recompensas funcionam indubitavelmente como promotoras do bom trabalho.
Depreende-se então que motivações extrínsecas, em situações problemáticas novas, restringem as nossas possibilidades. Não obstante, em tarefas que exijam apenas habilidades mecânicas, as recompensas funcionam conforme o esperado: quanto maior a recompensa, maior a performance.
Em suma, conclui-se que é necessário reavaliar o nosso modelo económico e desvendar o nefasto papel das motivações extrínsecas. A derradeira produtividade só surge mediante o apelo de motivações intrínsecas centradas na autonomia (vontade de cada indivíduo em orientar a sua vida); domínio (desejo de melhorar constantemente algo que fazemos, gostámos e é importante) e propósito (desejo de fazer o que fazemos, servindo “algo maior que nós próprios”).
Mário

Inteligência

Inteligência Emocional
Todos sabemos que temos duas mentes, uma que pensa e outra que sente. Duas modalidades de conhecimento fundamentalmente diferentes que interagem para construir a nossa vida mental. O que torna a Inteligência Emocional atraente é em parte um desejo de compreender a complexidade da interacção humana. Uma mistura equilibrada de motivação, empatia, lógica e autocontrolo que consente aprender e compreender os próprios sentimentos e dos outros, de ter uma grande capacidade de adaptamento e de escutar oportunamente as próprias emoções de forma a desfrutar o lado positivo de cada situação. Motivar-nos a nós próprios e gerir positivamente as nossas emoções, tanto interior como nas relações sociais.

Goleman definiu inteligência emocional como:
"...capacidade de identificar os nossos próprios sentimentos e os dos outros, de nos motivarmos e de gerir bem as emoções dentro de nós e nos nossos relacionamentos.“
Teoria das Múltiplas Inteligências de Gardner
A visão tradicional de inteligência tem sido fortemente desafiada nos últimos anos, especialmente pela Teoria de Múltiplas Inteligências de Howard  Gardner.

Este psicólogo define inteligência como sendo a capacidade que torna possível a um indivíduo resolver problemas mas também criar objectos, ideias ou outros produtos relevantes e influentes num dado contexto cultural . Ou seja, a inteligência, de uma forma mais simplificada, é a capacidade de resolver problemas e de ser criativo.

 Inteligência e Criatividade
A criatividade está fortemente ligada à inteligência, isto porque, a criatividade é um acto inteligente e define-se como a capacidade de encontrar soluções novas.

O indivíduo criativo é aquele que é capaz de abandonar hábitos e estruturas adquiridas, pondo-as em causa para depois construir novas formas e soluções. As características mais marcantes de um indivíduo que possua criatividade são: espírito crítico, independência de pensamento e acção; falta de interesse pelas actividades de grupo que exijam conformismo, desejo de comunicar e gosto pela complexidade.

Assim, todos os indivíduos têm capacidade para serem criativos, porém só o poderão ser se estiverem dispostos a tal, ou seja, se souberem aceitar e usar as críticas de uma forma construtiva.

Filipa Lemos