quarta-feira, 8 de junho de 2011

Por que esquecemos?

“Se nos lembrássemos de tudo, estaríamos… tão doentes como se não recordássemos nada”, escreveu William James, filósofo do século XIX. Na verdade, se a mente não pudesse esquecer em breve estaria atravancada com trivialidades, tornando a tomada de decisões extremamente difícil.
A chave para uma boa memória é a capacidade de reter pormenores importantes, pondo de lado os eu não têm interesse. No entanto é fácil esquecer aquilo que se quer desesperadamente lembrar, como pode atestar qualquer pessoa que tenha estudado para um exame ou tentado memorizar um longo discurso.             A memória é frequentemente desgastada e reduzida pelo tempo, importante factor de esquecimento. Isto foi conclusivamente demonstrado no primeiro estudo deste assunto, feito pelo psicólogo alemão Hermann Ebbinghaus. Ebbinghaus desenvolveu uma técnica simples para estabelecer como funciona o esquecimento que, depois, experimentou em si mesmo. Para limitar a experiência à absorção de novos conhecimentos, e para minimizar a influência da informação já existente sobre os resultados imaginou um sistema de matérias a aprender completamente original – uma série de sílabas constituídas por uma vogal entre duas consoantes, tais como NER ou ZAT.


Ebbinghaus fez uma lista de 13 sílabas sem sentido. Depois leu e releu a lista até as recitar perfeitamente de cor duas vezes de uma assentada. Depois, a intervalos de tempo fixos, durante as semanas seguintes, fez novamente a experiência para ver quantas sílabas recordava. A partir desta experiência, que repetiu muitas vezes com diferentes grupos de palavras sem sentido, Ebbinghaus determinou a quantidade de informação esquecida com o tempo e a velocidade a que ela desaparece. Descobriu que a maior parte dos conhecimentos se perde rapidamente, nos primeiros dias a seguir à aprendizagem.
No entanto, a recordação dos conhecimentos remanescentes diminui muito gradualmente. As sílabas sem sentido de que ele ainda se lembrava um mês depois de as ter aprendido, por exemplo, mantinham-se na memória vários meses mais tarde. Os resultados das suas experiências foram tomados por outros investigadores e transpostos para um gráfico, a curva de esquecimento de Ebbinghaus.

Nunca ninguém conseguirá ultrapassar totalmente o efeito de Ebbinghaus e reter tudo o que aprende. Todavia, parece possível imprimir permanentemente na memória pelo menos alguns aspectos de qualquer assunto. O grau de aprendizagem e esquecimento varia de pessoa para pessoa: uns aprendem muito depressa e esquecem rapidamente, outros aprendem rapidamente e esquecem lentamente.

Helena Sousa

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