As sociedades em geral, e os grupos sociais que constituem as mesmas, procuram manter a sua coesão através do respeito pelas normas e pelas regras vigentes. As normas são, portanto, o instrumento de controlo social e, por isso, podemos dizer que conformismo é inerente à manutenção dos grupos sociais. O desvio à norma, a desobediência às regras, é objecto da censura social, que se manifesta através de críticas e sanções.
Contudo, a história da Humanidade testemunha que a mudança a todos os níveis foi provocada por concepções, atitudes e comportamentos que desobedecem ao que socialmente estava designado como sendo correcto e desejável. Podemos pensar nas grandes revoluções científicas levadas a cabo por Copérnico, Darwin e Freud para comprovarmos que foi o incorformismo deles que remodelou o modo como os seres humanos se concebem.
Podemos, então, definir incorformismo como sendo a adopção de concepções, atitudes e comportamentos que não respondem às expectativas do grupo. Sendo assim, as pessoas em que a pertença ao grupo constitui uma parte relevante do seu autoconceito apresentam mais probabilidades de se conformarem devido à influência normativa; caso a pertença ao grupo não tiver essa relevância, é menos provável renderem-se às normas do grupo.
As pessoas que adoptam atitudes inconformistas são, frequentemente, objecto de crítica social, que pode ir desde o menosprezo à sanção e, até mesmo, à marginalização. O desvio, a discordância, são encarados como desagregadores da ordem social e são tão mais criticados e reprimidos quanto mais importante for, para o grupo social, a norma quebrada.
Assumidos por minorias, os comportamentos inconformistas, geradores de inovação, acabam muitas vezes por serem integrados pelo sistema social. A mudança social encontra neste processo a sua origem. Por isso, para que a minoria influencie a maioria, as suas posições têm de ser claras, consistentes e firmes para resistirem às pressões para o conformismo.
Ângelo Ferreira
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