quinta-feira, 7 de abril de 2011

Sexismo e Coeducação


O êxito da coeducação, ou seja, de uma educação não discriminatória, exige tomar consciência da realidade do sexismo na sociedade, determinar as suas diferentes formas de manifestação e desenvolver acções que induzam a comportamentos verdadeiramente democráticos.
            Entende-se por sexismo a discriminação social das pessoas segundo o seu sexo ou qulaquer forma de domínio de um sexo sobre outro.     A ideologia sexista, que tem o seu fundamento no sistema de género, defende que um dos dois sexos é, por natureza, superior ao outro, o que a aproxima ideologicamente do racismo.
            Pela sua própria definição, o sexismo pressupõe tanto a crença na superioridade do homem sobre a mulher como da mulher sobre o homem. Porém, enquanto o sexismo feminino não passou do limiar das reacções extremistas, o sexismo masculino ou machismo foi consagrado historicamente e naturalizado cultutralmente pelo sistema de género implantado pela sociedade patriarcal, através da religião, da filosofia, da ciência, etc. Assim, os comportamentos sexistas masculinos são aprendidos desde a primeira infância, a partir do tratamento esteriotipado que os meninos e as meninas recebem de acordo com o seu sexo.
            O tratamento diferente que os bebés e as crianças recebem de acordo com o seu sexo tende a definir os comportamentos futuros segundo os papéis que o sistema de género determinou para homens e mulheres. Este tratamento, aplicado por pais e professores, abarca diferentas áreas que incluem os gostos e preferências, os comportamentos, as manifestações afectivas, as funções fisiológicas, as brincadeiras, etc. Deste modo, existe um tratamento esteriotipado relativamente ao sexo:
            - Choro
            Meninos: não se toler que chorem (“os homens não choram”), e imediatamente se tomam medidas para deixarem de o fazer, o que s leva, progressivamente, a reprimir esta forma de expressão emocional.
            Meninas: considera-se normal que chorem.
            - Jogos físicos
            Meninos: estimulam-se os jogos bruscos entre rapazes.
            Meninas: são orientadas para jogos mais delicados. As bonecas, as maquilhagens, etc.
            - Manifestações de afecto
            Meninos: são ensinados a cumprimentar dando a mão em vez de beijar. As manifestações de carinho para a mãe são criticadas à medida que o rapaz cresce e não é bem visto que beije outros rapazes.
            Meninas: são estimuladas a beijar toda a gente; podem manifestar afecto pelos pais e admite-se que beijem outras meninas.
            - Tarefas domésticas
            Meninos: são estimulados a ajudar o pai em trabalhos como lavar o carro e cortar a relva.
            Meninas: são estimuladas a ajudar a mãe nos trabalhos domésticos, como lavar a loiça, por a máquina a lavar e limpar o pó.
            - Dependência/Independência
            Meninos: são estimulados a explorar e a separar-se “das saias da mãe”.
            Meninas: são estimuladas a ficar em casa e a permanecer junto à mãe até serem maiores.
            - Agressão/Afirmação
            Meninos: identifica-se a agressividade com a masculinidade e são estimulados a não se comportarem como “mulherzinhas”. Por isso tolera-se a um menino que lute com outro e não se aprova que recuse uma luta.
            Meninas: reprime-se-lhes qualquer atitude agressivam, física ou verbal, inclusive se for defensiva.
Considerando este tratamento que tende a perpetuar o domínio social do homem, conclui-se que a educação da mulher tem como finalidade a passividade, obediência e a submissão.


Helena Sousa

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