domingo, 3 de abril de 2011

Corino de Andrade

Conhecer os nossos cientistas e as suas descobertas é conhecer-nos a nós próprios; é conhecer a nossa cultura! É por isso mesmo que escrevo sobre um dos mais elevados expoentes da ciência portuguesa: Corino de Andrade.
Tendo concluído o Liceu em Beja e frequentado o curso de Medicina em Lisboa, Corino de Andrade é conhecido por ter sido o primeiro investigador a identificar e tipificar cientificamente a paramiloidose, a conhecida “doença dos pezinhos”.
Estagiou com Egas Moniz, prémio Nobel da Medicina e Fisiologia, tendo ainda investigado na Clínica Neurológica da Faculdade de Medicina de Estrasburgo.
 Em 1938, e depois da sua passagem por Estrasburgo e Berlim (onde trabalhou com célebres neuropatologistas), regressou a Portugal e acabou por se fixar no Porto. Nesta cidade, destacou-se o importante trabalho do investigador português que fundou o serviço de Neurologia do Hospital de Santo António.
Numa altura em que a investigação não recebia qualquer incentivo em Portugal, Corino de Andrade destacou-se pelo esforço e persistência que marcaram a ânsia de um indivíduo determinado, que mesmo sem apoios prosseguiu os seus estudos e lutou pelos seus objectivos.
Mesmo reformado, Corino de Andrade fundou conjuntamente com o professor Nuno Grande o Instituto de Ciências  Biomédicas Abel Salazar, uma nova escola de medicina e de outras áreas do saber, dedicada a Abel Salazar, médico, investigador e prosador português que terá dito que “Um médico que só sabe medicina nem medicina sabe”.
Corino de Andrade faleceu em 2005.



A paramiloidose…



 A paramiloidose é uma doença neurodegenerativa, cujos principais sintomas são a perda de peso e sensibilidade a estímulos.
A doença é transmitida por via genética de geração em geração e resulta de uma anomalia que faz com que uma proteína modifique a sua estrutura (em consequência de uma mutação do código genético), tornando-se a mesma insolúvel, acabando por formar fibrilhas de amilóide em torno de variados tecidos, como por exemplo, os do sistema nervoso.
Para além do sistema nervoso, a doença pode afectar outros órgãos como o coração e os rins.
Actualmente um transplante hepático pode ajudar a retardar a evolução da doença, tendo contudo sido já divulgados dados de um ensaio clínico no qual um novo fármaco conseguiu travar a evolução da paramiloidose (link).

Mário

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